terça-feira, 21 de julho de 2009

Salmo 87

Cântico. Salmo dos filhos de Coré. Ao mestre de canto. Em melodia triste. Poema de Hemã, ezraíta.

Senhor, meu Deus, de dia clamo a vós, e de noite vos dirijo o meu lamento.
Chegue até vós a minha prece, inclinai vossos ouvidos à minha súplica.
Minha alma está saturada de males, e próxima da região dos mortos a minha vida.
Já sou contado entre os que descem à tumba, tal qual um homem inválido e sem forças.
Meu leito se encontra entre os cadáveres, como o dos mortos que jazem no sepulcro, dos quais vós já não vos lembrais, e não vos causam mais cuidados.
Vós me lançastes em profunda fossa, nas trevas de um abismo.
Sobre mim pesa a vossa indignação, vós me oprimis com o peso das vossas ondas.
Afastastes de mim os meus amigos, objeto de horror me tornastes para eles; estou aprisionado sem poder sair,
meus olhos se consomem de aflição. Todos os dias eu clamo para vós, Senhor; estendo para vós as minhas mãos.
Será que fareis milagres pelos mortos? Ressurgirão eles para vos louvar?
Acaso vossa bondade é exaltada no sepulcro, ou vossa fidelidade na região dos mortos?
Serão nas trevas manifestadas as vossas maravilhas, e vossa bondade na terra do esquecimento?
Eu, porém, Senhor, vos rogo, desde a aurora a vós se eleva a minha prece.
Por que, Senhor, repelis a minha alma? Por que me ocultais a vossa face?
Sou miserável e desde jovem agonizo, o peso de vossos castigos me abateu.
Sobre mim tombaram vossas iras, vossos temores me aniquilaram.
Circundam-me como vagas que se renovam sempre, e todas, juntas, me assaltam.
Afastastes de mim amigo e companheiro; só as trevas me fazem companhia...


Há na morte uma beleza que me seduz. Algo dantes temido, mas agora admirado e por vezes, desejado.
Pois, se viva sinto minhas forças sendo consumidas, creio que a morte há de me levar à vida no seu plano mais absoluto e intenso.
É preciso que meu corpo se esgote, para que a vida que há em minha alma transborde.

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